Os consumidores estão a usar mais os dispositivos móveis para fazer pagamentos de bens e serviços do dia a dia. O recente estudo “Digital Payments 2016”, realizado pela Visa, diz-nos que o número de pagamentos através de dispositivos móveis triplicou em relação ao ano passado, ultrapassando os 50%.
São os millenials ou a Geração Y (os nascidos entre os anos oitenta e noventa do século passado) os responsáveis por este aumento? Não, somos todos nós. Os nossos hábitos mudaram drasticamente com a adoção de smartphones; esperamos formas de pagamento rápidas, convenientes e seguras. Em resposta a esta mudança de hábitos, temos assistido a um crescimento consolidado de serviços de pagamento digital, com cada vez maior adoção das tecnologias contactless como o NFC, wallet, ou apps de pagamento móvel, que se têm disseminado quer em transações digitais, quer em transações físicas.
As empresas que tradicionalmente se posicionavam no mercado dos pagamentos têm de competir com players de referência noutros mercados que se procuram afirmar no mundo dos pagamentos digitais disponibilizando serviços próprios à sua base de utilizadores – o Apple Pay, Samsung Pay e Android Pay app são exemplos da disrupção e inovação a que temos assistido.
Apesar do crescimento destes novos métodos de pagamento, os cartões de crédito continuam a ser o meio mais popular de pagamento em transações digitais. Os consumidores têm várias opções de pagamento à sua disposição e até agora não há uma proposta de valor clara no pagamento com estes novos meios em detrimento dos tradicionais. Há muitas reservas em relação à segurança das transações, à segurança dos próprios equipamentos, e um desconhecimento generalizado do funcionamento destes meios, quer do lado dos consumidores quer do lado dos comerciantes, que podem afetar a disseminação e utilização generalizada destes meios de pagamento digitais.
É expectável que rapidamente se encontrem formas de contornar estes receios. Algumas empresas estão a desenvolver formas de pagamentos mais seguras, servindo-se de dados biométricos para validação pagamentos, por exemplo. Sendo a disseminação de novos produtos e tecnologias cada vez mais rápida, não estará muito longe a massificação dos pagamentos móveis, quer em transações digitais quer em transações físicas.
Artigo publicado originalmente no Suplemento Mais Tic do O Jornal Económico a 28/10/2016
Joana Peixoto é responsável pela atividade comercial e de marketing da Opensoft, estando também muito envolvida na gestão de produtos de software e implementação de alguns projetos, estratégicos para a empresa.