Se há tema que anda nas bocas do mundo tecnológico (e não só) é a inteligência artificial e a forma está a revolucionar o mundo em que vivemos. Mas, como qualquer tecnologia nova e com um grande impacto nas tarefas diárias, a inteligência artificial tem sido associada a alguns mitos, provocando alguma desconfiança e retração na sua utilização.
A implementação de um sistema de inteligência artificial não tem de ter preços proibitivos para um negócio, nem os trabalhadores vão ser todos substituídos por robots. E não, não podemos esperar que as máquinas pensem por nós em todas as decisões que teremos pela frente. Vamos desmistificar a inteligência artificial?
1 – Os sistemas de IA conseguem criar informação a partir de qualquer fonte de dados
Qual é o elemento mais importante num sistema de IA? Os dados. O mais poderoso algoritmo de inteligência artificial não consegue criar conhecimento quando a sua matéria-prima são dados incorretos e/ou sem qualidade.
Existe uma ideia generalizada de que os algoritmos de machine learning são tão poderosos que basta carregar um conjunto de dados para obter a informação de que necessitamos. Se quisermos tirar partido de um sistema de IA, em vez de o carregarmos com qualquer tipo de dados, algo que afeta o seu desempenho, o importante é fornecer-lhe dados de alta qualidade e alinhados com os objetivos do negócio. Até porque sistemas que se baseiam em dados incorretos fornecem informação errada e de fraca qualidade, sejam sistemas de IA ou de qualquer outro tipo.
2 – Os sistemas de IA são dispendiosos
A ideia generalizada é associar IA a investimentos avultados em equipamento e numa equipa de especialistas em dados, mas não é totalmente necessário!
É verdade que algumas aplicações de IA necessitam de uma equipa especializada em linguagens de programação, mas a IA está a ficar mais acessível às empresas através de ferramentas com uma área de ação mais reduzida e que servem os objetivos de negócio. É importante ter em mente que a utilização de sistemas de IA por uma organização deve focar-se nos processos e necessidades do negócio que a IA pode ajudar a otimizar. A utilização de IA de forma disruptiva, como otimizar assistentes de voz, ficam para as empresas de perfil tecnológico (e com grandes orçamentos disponíveis para a IA).
3 – Os sistemas cognitivos de IA são capazes de responder a problemas da mesma forma que o cérebro humano
Os sistemas cognitivos de IA tentam simular o pensamento humano, abordando problemas que normalmente requerem a interpretação e julgamento humanos. Estes sistemas são complexos e incluem machine learning, deep learning e sistemas neurais.
No entanto, estes sistemas de IA ainda estão longe de conseguirem estender a sua aprendizagem a novos problemas. Um bom sistema de IA é treinado nos dados que lhe são fornecidos e a mão humana ainda é necessária para selecionar os dados, definir os cenários e os casos de uso nos quais o sistema irá operar. Os sistemas cognitivos não conseguem definir novos cenários onde possam operar com êxito e, neste momento, ainda é difícil prever se alguma vez isso será possível.
4 – Os robots vão substituir os humanos
É inegável que as máquinas estão a ter um papel determinante na automatização de tarefas e a tornar os processos mais eficientes em várias organizações. No entanto, ainda não substituem os humanos quando se trata de tarefas que envolvam criatividade ou inteligência emocional, por exemplo.
Ao longo da história, a tecnologia tem sido um motor para alterar a forma como trabalhamos, mas ainda não existe um conjunto completo de dados ou representações digitais que modele tudo aquilo que um humano pode fazer.
A IA é particularmente relevante na eliminação de trabalhos repetitivos e de verificação de dados, que passam a ser feitos automaticamente, permitindo que os humanos se dediquem a tarefas mais críticas e orientadas à decisão. Assim, haverá certamente uma transição de papéis, não uma substituição.
A evolução tecnológica é algo inevitável e os sistemas de IA estão a revolucionar setores como a administração pública, a banca, a saúde ou o retalho. Ainda que a IA possa ser vista com alguma desconfiança, as organizações devem compreender que os humanos e as máquinas serão dois pilares importantes para o futuro dos negócios.
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