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Inovação em tempos de crise: porque não a deve descurar?

Inovação em tempos de crise: porque não a deve descurar?

Ainda não é possível compreender todos os estragos que a pandemia provocada pela covid-19 irá fazer na economia mundial, mas é certo que já alterou a forma como as empresas interagem com seus clientes e como os clientes compram produtos e serviços.

 

Para muitas organizações, falar de inovação em tempos de crise poderá parecer algo descabido. Numa altura em que o instinto natural para maioria das organizações é entrar em modo de contenção e, eventualmente, impor medidas de austeridade, inovar não é uma prioridade.

 

Num estudo realizado pela consultora Mckinsey (2020), conclui-se que as organizações estão concentradas na continuidade do negócio e não na inovação, tema a que irão regressar assim que a situação fique mais estável e o futuro seja um pouco mais previsível. Apenas um quarto das organizações afirmaram que a inovação está nas suas prioridades neste momento. Antes da crise chegar, 60% das empresas afirmaram que a inovação era uma das suas principais prioridades.

 

Mas, os tempos de crise costumam gerar inovação. A história está repleta de exemplos de empresas que encontraram algumas oportunidades para inovar em tempos de crise, obtendo resultados e ganhos impensáveis. Um desses exemplos é o serviço Netflix que, durante a crise financeira de 2008, percebeu que os gastos com entretenimento estavam a diminuir e lançou o serviço de streaming, disponibilizando um serviço de entretenimento mais barato e em casa das pessoas. No final de 2009, o preço das ações teve um aumento de 57%.

 

As oportunidades da crise

 

Embora a situação atual esteja associada a muitas incertezas, os tempos de crise podem ser também tempos de crescimento, evolução e expansão. Mas é necessário um trabalho para identificar as oportunidades disponíveis e ter capacidade de resposta assim que estas surjam.

 

Por que razão os tempos de crise são uma grande oportunidade para a organização olhar o futuro? Eis alguns motivos:

 

– A crise cria novas necessidades e hábitos de consumo, o que pode trazer oportunidades em mercados inteiramente novos ou, pelo menos, oportunidades a curto prazo que criam vantagens de longo prazo;

 

– Desloca a competição e, por isso, pode gerar oportunidades para conquistar uma maior participação de mercado e crescimento a longo prazo;

 

– A crise geralmente acelera a inovação: à medida que surgem novos problemas, as organizações são forçadas a enfrentá-los com novas e inovadoras soluções.

 

Embora a resposta à crise envolva, muitas vezes, a redução de custos, a inovação contínua, mesmo que seja reduzida, pode produzir uma vantagem significativa no negócio a curto e médio prazo.

 

Como começar?

 

A equipa é um aliado fundamental na inovação de uma organização. Comece por definir um objetivo comum, uma vez que partilhar um propósito estimula a cooperação e a conexão entre a equipa.

 

Posteriormente, crie um ambiente que estimule a inovação: permita a partilha de ideias, realize sessões ou workshops que incentivem a inovação e transmita a ideia de que falhar também faz parte do processo e é um instrumento fundamental para estar melhor preparado para encontrar novas oportunidades.

 

Por fim, certifique-se de que a organização está preparada para investir em desenvolvimento. As melhores ideias não serão concretizadas a não ser que existam recursos.

 

É verdade que a inovação em tempos de crise pode ser difícil, especialmente devido à escassez de recursos. Para perceber se a sua organização está no caminho certo, pode monitorizar os processos de inovação através do teste 70/20/10. Esta lógica sugere que 70% da inovação se deve concentrar na melhoria do core do negócio, 20% deve aproveitar oportunidades a ele associadas e 10% a oportunidades de transformação.

 

Acima de tudo, pense que as crises não são estáticas, portanto ter flexibilidade também é necessário. À medida que a situação evolui, também evoluem as necessidades do consumidor e as oportunidades, por isso importa que a organização responda bem às mudanças.